20 de abr. de 2008

Agricultores de Roraima transformam fibra de banana em papel


Sebrae no Estado apoiou a criação da Cooperativa Agropecuária de Agricultores e Agricultoras Familiares de Caroebe, que reúne 26 produtores

Tatiana Alarcon Brasília -

Os restos de banana que antes iam direto para a lata do lixo hoje têm um destino mais produtivo. Com a ajuda do Sebrae em Roraima, produtores de pequenas propriedades de banana montaram uma cooperativa que trabalha no reaproveitamento da fibra da fruta para produção de papel, a Coopafarc (Cooperativa Agropecuária de Agricultores e Agricultoras Familiares de Caroebe). São fabricados três tipos de papel, o A2, A3 e A4. O trabalho é feito por 26 cooperados e suas famílias, envolvendo um total de 50 pessoas, e a produção é feita sob encomenda. A idéia de desenvolver papéis e outros objetos da fibra da banana surgiu do Sebrae/RR. De acordo com Rodrigo Rosa, gestor do projeto de Bananicultura da instituição, o objetivo é utilizar um alimento economicamente viável para a região e que traga retorno financeiro para os agricultores do projeto. Desde 2003, o Sebrae atua no setor promovendo cursos e reuniões aos produtores de banana da região. Luiz Almeida, integrante da Coopafarc, conta que 95% da produção da fruta eram transportados para Manaus. Como a oferta era muito grande, os preços cobrados eram muito baixos. Neste momento, os produtores sentiram a necessidade de se organizar e procuraram a ajuda do Sebrae. A instituição ofereceu cursos e consultoria em cooperativismo, apoio técnico e disponibilizou um consultor para orientar a criação e gestão da cooperativa. “O Sebrae atua como um parceiro, mostrando como é que se faz para depois eles andarem com as próprias pernas”, disse Rodrigo Rosa. Os agricultores aprenderam a aproveitar outras potencialidades da banana, a agregar valor ao produto e seus derivados, visando à sustentação dos negócios, à geração de renda e ocupação, além do fortalecimento e ampliação do mercado. De acordo com Rodrigo Rosa, o projeto está buscando parceria com o Banco do Brasil para o financiamento de mudas e material para produção. “Estamos articulando parceiros para realização das ações”, afirmou. Da banana ao papel Os papéis, de gramaturas, texturas e tamanhos diferentes, servirão de matéria-prima para a criação de convites, cartões e embalagens. Segundo a gestora do projeto de Artesanato do Sebrae/RR, Rosani Elizabeth, a fibra da banana e o processo de lavagem influenciam diretamente na cor do papel. “Quanto mais clara for a fibra, mais clara será a folha de papel”, disse. A técnica da produção do papel consiste em aproveitar o caule e o tronco da bananeira. O primeiro passo é cortar o tronco em pedaços miúdos que serão cozinhados em latões com soda cáustica e água, por duas horas. Depois de cozido, o material vira uma massa que será lavada para eliminar os restos da soda. Mais uma vez o material é picado e triturado no liquidificador. A massa é despejada em uma tela, que será responsável pelo molde do papel e, logo depois, será exposta ao sol. A última etapa do processo consiste em passar a ferro a massa do papel. A cooperativa tem uma produção mensal de 30 toneladas de banana e cerca de 170 folhas de papel, nos três tamanhos (A2, A3 e A4).O projeto faz parte do Programa Estadual de Arranjos Produtivos Locais (APLs), implantado pelo governo de Roraima. APLs são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

Um comentário:

carla beltrão disse...

Interessante o processo com a fibra da bananeira, mas pro papel desconheço a necessidade de cozimento com soda caustica.Penso que esse processo faz com que a fibra se torne mais fragil,perdendo assim a resina natural daqual deria a liga na feitura do papel e outros...